Justiça condena Rosalba Ciarlini e construtora por esquema de propina na Arena das Dunas

Antônio Cruz/Agência Brasil

Rosalba e seu esposo receberam vantagens indevidas em troca da manutenção da parceria público-privada da Arena.

A Justiça Federal condenou a ex-governadora, Rosalba Ciarlini Rosado, e a construtora Coesa (antiga OAS) por esquema de propina na construção da Arena das Dunas. Também foram condenados o marido de Rosalba, Carlos Rosado, o então secretário da Copa, Demétrio Torres, e o ex-vice-presidente do Sindicato da Construção Civil Pesada do RN, Luciano Silva. Ainda cabe recurso.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o grupo recebeu vantagens indevidas entre 2011 e 2014, em troca da manutenção da parceria público-privada da Arena. A propina foi paga com recursos do BNDES, por meio de contratos fictícios e superfaturados, esquema revelado pela Operação Mão na Bola em 2019. Depoimentos de Léo Pinheiro (ex-OAS), outros executivos e o doleiro Alberto Youssef reforçaram as provas.

Rosalba e Carlos Rosado foram condenados a devolver valores desviados, pagar multa no mesmo montante, perder eventual função pública, além de ter direitos políticos suspensos e ficar proibidos de contratar com o poder público por 14 anos. A Justiça fixou devolução de R$ 123,3 mil para Rosalba, R$ 406,7 mil para Carlos e R$ 88,1 mil para Luciano, com multa equivalente. Demétrio Torres e a Coesa também receberam penas semelhantes, com multas de R$ 530 mil e R$ 618,2 mil, respectivamente.

O MPF recorreu pedindo a majoração dos valores — para R$ 655,4 mil (Rosalba), R$ 465,7 mil (Carlos), R$ 166,8 mil (Luciano), R$ 1,1 milhão (Demétrio) e R$ 1,28 milhão (Coesa). O órgão também cobra a aplicação da perda de função pública a Luciano e Demétrio, inclusive com possibilidade de cassação de aposentadoria. Segundo o procurador Higor Pessoa, os gastos identificados pela Receita Federal superam em muito os rendimentos declarados, indicando origem ilícita e ocultação de patrimônio.